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quinta-feira, 24 de abril de 2008

VIMIEIRO

VIMIEIRO
Enquadramento geográfico
O Vimieiro é uma terra aprazível rodeada de densa vegetação que fica entre o perfil altivo da Serra da Estrela e do relevo volumoso da Serra do Caramulo. Santa Comba Dão fica-nos perante os olhos, altaneira e bela, lá no alto, descendo em socalcos verdejantes até ao rio que lhe deu o nome.
Composição da freguesia do Vimieiro
Fazem parte desta freguesia as seguintes localidades: Vimieiro, Rojão Grande, Anta, Lameiras de Anta, Quinta do Seixal, Vale Vilão e vale Mimoso.
O desenvolvimento do vimieiro ao longo dos tempos
Há referências muito antigas a esta freguesia, situada na margem esquerda do rio Dão, próxima da sede do concelho. É uma povoação da época romana, isto porque foram encontrados vestígios de uma calçada romana, hoje já parcialmente desaparecida.
O nome Vimieiro terá derivado dos vimes existentes ao longo do rio e dos ribeiros.
No século X esta terra pertenceu ao Conde D. Oveco Garcia que mais tarde a legou ao Convento de Lorvão.
No ano de 1527, estão registados no Cadastro da Beira 14 moradores no Vimieiro e 18 no Rojão Grande.
A 20 de Setembro de 1810 passaram, nesta localidade as tropas Napoleónicas, comandadas por Massena, rumo ao Buçaco e à sua última derrota. Como marco perpétuo ficou-nos a Memória. Em Agosto de 1882 é inaugurado o caminho-de-ferro da Beira Alta. Com ele, nasce o Bairro da Estação de casinhas brancas e de pedra cinzelada pelos pedreiros do Rojão Grande. E vem o progresso: - as fábricas, as lojas, as pensões, o mais diverso comércio. Foi nesta estação que em 1886 a noiva de D. Carlos, a futura rainha D. Amélia de Orleães, despiu as vestes francesas e vestiu o fato Português, como era tradição.
No dia 28 de Abril de 1889 nascia nesta terra uma criança que governaria o país durante quase cinquenta anos - Dr. António de Oliveira Salazar.
Festas e Romarias
No primeiro Domingo de Maio celebram-se as centenárias festas em honra de Santa Cruz. A Santa Cruz é a padroeira da freguesia do Vimieiro.
“Logo de manhã, antes de principiar a festividade, veem as cruzes das freguesias limitophes – Óvoa, Pinheiro D´Ázere, S. João de Areias e Couto do Mosteiro – Todas em procissão e muito bem ornadas e enfeitadas.
A que chega em último lugar e que se apresenta sempre com mais pompa riqueza é a da freguesia do Couto do Mosteiro, da qual esta freguesia do Vimieiro até 1839 foi anexa.
Passa por Santa Comba Dão processionalmente sem o parocho de Santa Comba do Couto do Mosteiro tirar a estola e, quando se aproxima da matriz do Vimieiro, vae o parocho d’esta freguesia ao encontro d’ella.
Também processionalmente, com a irmandade e a cruz do Vimieiro, muito povo, foguetes e música, - e em determinado sítio fazem a cerimónia do encontro (…) e continua a procissão, indo na frente a cruz do Couto, até à matriz, onde dão três voltas, como todas as outras cruzes, ao som da música. (…)”.
Em Agosto, no fim-de-semana seguinte ao dia 24, realiza-se a festa em honra de São Bartolomeu.
A 28 de Outubro realiza-se, na localidade de Rojão Grande, a festa em honra de São Simão.

Património Cultural
Vestígios de uma calçada romana;
Cruzeiro (local onde decorre o encontro das cruzes, aquando das Festas de Santa Cruz);
Igreja Matriz;
Ponte velha sobre o rio Dão;
Ponte de cantaria talvez de origem romana, foi parcialmente destruída aquando das Invasões Francesas por Massena, em 20-09-1810. Foi reconstruida em 1825.
Memória;
Na Memória consta a seguinte inscrição:
"Foi esta ponte cortada em 20 de Setembro de 1810 pela invasão do Exército Frânces commandado por Massena. Foram reedificadas as suas ruínas e de novo feitas estas cortinas dos lados e a estrada e a calçada da parte sul mediante paternal desvelo do excelso Imperador e Rei o senhor D. João VI em 1825 e gastarão-se 3.898$05. Ano DOMINI/MDCCCXXV"
Chafarizes em pedra;
Capela do Senhor da Agonia (Vimieiro);
Capela de São Bartolomeu (Vimieiro);
Capela de São Simão (Rojão Grande).
(…)

Associações da Freguesia:
Grupo de Jovens Amanhecer (ainda em fase de legalização);
Centro Cultural Recreativo e Desportivo do Vimieiro;
Rua Dr. António Perestrelo Botelheiro nº6
Vimieiro
3440-613 Santa Comba Dão
Centro Cultural Desportivo e Recreativo do Rojão Grande.
Avenida da Liberdade nº1
Rojão Grande
3440-607 Vimieiro - SCD

Gastronomia
Não podemos falar de gastronomia, da região, sem que nos venham à memória os seguinte pratos: cozido à portuguesa, arroz de cabidela, torresmos, chanfana, e as papas de nabo com sardinha assada. No que diz respeito aos doces, deve destacar-se o arroz doce, o leite-creme e o pão-de-ló.
Figuras Ilustres
Dr. António de Oliveira Salazar – Nasceu no Vimieiro a 28 de Abril de 1889. Foi o político que mais tempo exerceu o poder em Portugal. Exerceu o cargo de Presidente do Conselho, o equivalente na actualidade a Primeiro-Ministro.
Ocupou a pasta das Finanças, tendo publicado uma reforma orçamental que viria a registar saldo positivo, o que não se registava há praticamente um século.
Em 1968, sofreu um acidente, que acabou por ditar o seu afastamento do poder. Faleceu em Lisboa a 27 de Julho de 1970, tendo sido sepultado no cemitério do Vimieiro.
Futuramente a sua casa dará lugar ao Museu do Estado Novo.
Santa Cruz
A Igreja da Santa Cruz pertence à Freguesia do Vimieiro, Concelho de Santa Comba Dão, Distrito de Viseu. É um dos templos mais antigos do fértil Vale do Dão e Supõe-se fundado pelos templários. Está situada em sítio pitoresco e muito agradável.
O seu orago é a Santa Cruz.
Todos os anos se comemora a grandiosa festa da Santa Cruz no primeiro Domingo depois do dia 3 de Maio, quando o dia 3 não é Domingo.
A festa da Santa Cruz é uma festa eloquente. È a mãe que vem visitar a filha. A mãe é a Cruz do Couto do Mosteiro e a filha é a Cruz do Vimieiro. Ambas as Cruzes vestidas de flores revelando a pureza do povo e do Maio em flor.
O Vimieiro esteve anexado ao Couto do Mosteiro até ao ano de 1834. Durante todos estes anos se tem cumprido esta fidelidade maternal e filial.
No lugar do encontro e perante todas as Cruzes, das Freguesias, das Irmandades, dos Párocos, do povo, da musica... O Mordomo que leva a Cruz do Vimieiro ajoelha perante a Cruz do Couto do Mosteiro em sinal de submissão e respeito, depois tocam as duas Cruzes como dando um beijo e seguem para a Igreja onde será celebrada a Eucaristia.
A festa pagã traduz-se por uma grande feira. Há arraial, diversões, comes e bebes e quermesse.

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VIMIEIRO - SUAS HISTÓRIAS E VIVÊNCIAS

Quem seria a pobre velha que se chamava Jacinta Pena?
Foi sem dúvida uma habitante do Vimieiro, que os anos enterraram no esquecimento. A velha Jacinta Pena, lá nos anos de 1915, vendia na estação dos Caminhos de Ferro, tabacos, pirolitos, águas das nossas fontes, frutos dos nossos pomares. Fez o último comboio e meteu-se a caminho, de trémulos passos, na estrada enlameada, numa noite de bréu. Guiava-a uma lanterna e dezoito tostões no bolso. Nessa noite de bréu, teve um mau encontro, em plena estrada um pouco acima as casas que marginam a via pública quase em frente do caminho que dá ingresso para o Vimieiro. Aí foi cercada por ladrões que lhe roubaram o produto do dia de trabalho que foram os dezoito tostões e a lanterna que a alumiava.
Por aqui passou um ser impar de bondade, o espanhol D. Salvador Cabanes Torres, que foi um mártir. Católico fervoso, D. Salvador foi gerente da fábrica de Serração C. Dupin e Companhia, aqui no Bairro da Estação. Era casado com D. Pura Burguete Cabanes Torres, uma senhora que na capelinha do Sr. da Agonia rezava o terço em espanhol com a comunidade do Vimieiro. Os seus três filhos chamavam-se: Jesus, Maria e José.
Este senhor ajudou o meu avô materno, Salvador Rodrigues de Sá, a morrer ainda na flor de idade, quando a vida se lhe apresentava risonha e repleta de felicidade. Apertava a mão do meu avô e na outra segurava o crucifixo dando-lhe força e alento na sua passagem da vida para a morte e dizia: "força xará".
Nicanor, um filho desta terra, e filho também da costureira Srª. Maria dos Anjos chamou-lhe "um simpático cavalheiro que entre nós conta com as melhores simpatias" (27 de Outubro se 1927).
Na sexta-feira, dia 15 de Janeiro de 1929, partiu no comboio correio da manhã, perante uma sentida e derradeira despedida, dos amigos.
De Valência, Espanha, terra da sua naturalidade, mandou 14 lindas estampas alusivas à Vida de Cristo, representando a Via Sacra e medindo cada uma delas, impressas na Alemanha, 0.65*0.39, que ofertou à Igreja Matriz de Santa Comba Dão. Para a Banda Santacombadense enviou as músicas, "La Fiesta Valenciana", "El Falero Serrano", a "Cancion del Soldado" bem como muitos livros para a biblioteca Alves Mateus.
Este senhor D. Salvador e seu filho, D. José Cabanas Torres, foram mártires da Guerra Civil espanhola, pois foram fuzilados em Valência quando os marxistas desencadearam uma luta violenta contra a Igreja e os seus filhos. (1936-1939).
D. Salvador e o seu filho, não se deixaram intimidar pelas ofensas, os insultos, a morte e percorreram o caminho da cruz, para exprimir o maior testemunho aceitando voluntariamente o martírio. Aqui, não se esqueceram das suas mortes e mandaram-lhe rezar uma piedosa missa. A casa onde viveram e que foi feita especialmente para esta família, lá esta na rampa da padaria olhando o casario de Santa Comba, os caminhos de ferro, a paisagem verdejante e as janelas onde D. Pura chamava os seus filhos: Jesus,... Maria ... José ...
Vimieiro
Elsa Silvestre do Amaral

Benemérito-Escola Cantina Salazar 1946

Benemérito-Escola Cantina Salazar 1946

Fontanário do Vimieiro 1950

Fontanário do Vimieiro 1950

Bairro da Estação, 28 de Agosto de 1927

Bairro da Estação, 28 de Agosto de 1927

Santa Cruz 1956

Santa Cruz 1956